Aprendizado da violência e cultura de resistência: memórias do tráfico atlântico de africanos (séculos XVIII e XIX)
Contenido principal del artículo
Resumen
O artigo analisa quatro autobiografias que relatam as experiências de africanos nas redes do tráfico atlântico de escravos, entre fins do século XVIII e na primeira metade do século XIX. Mahommah Gardo Baquaqua, Quobna Ottobah Cugoano, Olaudah Equiano e Ukawsaw Gronniosaw nasceram em diferentes regiões da África Ocidental, foram capturados, vendidos na infância, atravessaram longos percursos do interior do continente em direção aos principais portos de embarque de pessoas e mercadorias e atravessaram o Atlântico em navios tumbeiros, rumo às Américas. Através de seus relatos, é possível compreender os papéis assumidos pela gama variada de agentes do tráfico (elites africanas, comerciantes, intermediários etc); as condições das viagens em navios tumbeiros, bem como a formação e o cotidiano das tripulações e trabalhadores do mar; e os aspectos socioculturais do tráfico, como as linguagens e padrões de resistência, dentre os quais se incluem as revoltas em alto-mar.
Descargas
Detalles del artículo
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
La cesión de derechos no exclusivos implica también la autorización por parte de los autores para que el trabajo sea alojado en los repositorios institucionales UNLP (Sedici y Memoria Académica) y difundido a través de las bases de datos que los editores consideren apropiadas para su indización, con miras a incrementar la visibilidad de la revista y sus autores.
Citas
Acholonu, C. O. (1989). The Igbo roots of Olaudah Equiano: an anthropological research. Owerri: afa Publications.
Araujo, A. L. (2014). Shadows of the Slave Past: Memory, Heritage, and Slavery. Nova York: Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203747766
Baquaqua, M. G. (1854). An interesting narrative, biography of Mahommah G. Baquaqua, a native of Zoogoo, in the interior of Africa (a convert to christianity,) with a description of that part of the world; including the manners and customs of the inhabitants… Detroit: Samuel Moore.
Berlin, I. (2006). Gerações de cativeiro: uma história da escravidão nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Record.
Bethel, L. (1970). The Abolition of the Brazilian Slave Trade. Nova York: Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511759734
Bevilacqua, J. R. da S.; Silva, R. A. da (2015). África em artes. São Paulo: Museu Afro Brasil.
Carretta, V. (2005). Equiano, the African: biography of a self made man. Athens: University of Georgia Press.
Cugoano, Q. O. (1825). Narrative of the enslavement of Ottobah Cugoano, a native of Africa; published by himself in the year 1787. In: THE NEGRO'S memorial, or, Abolitionist’s catechism; by an Abolitionist. London: Hatchard & Co.
Curtin, P. D. (1969). The Atlantic Slave Trade, a Census. Madison: University of Winsconsin Press.
Donnan, E. (1930). Documents illustrative of the history of the slave trade to America. Washington, DC: Carnegie Institution of Washington.
Drescher, S. (1977). Econocide: British Slavery in the Era of Abolition. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press.
Edward, P. (org.) (1967). Equiano’s travels. New York: Praeguer.
Equiano, O. (1789). The interesting narrative and the life of Olaudah Equiano, or Gustavus Vassa, the African. London: s./e.
Eltis, D. & Walvin, J. (org.) (1981). The Abolition of the Atlantic Slave Trade. Madison: University of Wisconsin Press.
Engelman, S. L. & Genovese, E. D. (org.) (1975). Race and Slavery in the Western Hemisphere: Quantitative Studies. Princeton: Princeton University Press.
Engelman, S. L. (1972). The Slave Trade and British Capital Formation in the Eighteenth-Century: A Comment on the Williams Thesis. The Business History Review, 46(4), 430-443. DOI: https://doi.org/10.2307/3113341
Florentino, M. y Góes, J. R. (2005). Morfologias da infância escrava: Rio de Janeiro, séculos xviii e xix. In M. Florentino (org.). Tráfico, cativeiro e liberdade (pp. 207-228).Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Gemery, H. A. & Hogendorn, J. S. (1979). The Uncommon Market: Essays in the Economic History of the Atlantic Slave Trade. Nova York: Academic Press, Inc.
Gilroy, P. (2012). O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34.
Gutiérrez, H. (1989). O tráfico de crianças escravas para o Brasil do século xviii. Revista de História, 120, 59-72. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i120p59-72
Harms, R. (2002). The Diligent: A Voyage through the Worlds of the Slave Trade. Nova York: Basic Books.
Heine, B. y Nurse, D. (org.) (2000). African languages: an introduction. New York: Cambridge University Press.
Hersak, D. (2010). Reviewing power, process, and statement: the case of Songye figures. African Arts, 43(2), 38-51. DOI: https://doi.org/10.1162/afar.2010.43.2.38
Jones, G. I. (1967). Olaudah Equiano of the Niger Ibo. In P. D. Curtin (org.), Africa remembered: narratives by West Africans from the era of the slave trade (pp. 60-98). Madison: University of Wisconsin Press.
Jones, H. (1997). Mutiny on the Amistad: the saga of the slave revolt and its impact on American abolition, law and diplomacy. New York: Oxford University Press.
Jones, H. (2000). Cinqué of the Amistad a slave trader? Perpetuating a myth. The Journal of American History, 87(3,) 923-939. DOI: https://doi.org/10.2307/2675277
Linebaugh, P. y Rediker, M. (2008). A hidra de muitas cabeças: marinheiros, escravos, plebeus e a história oculta do Atlântico revolucionário. São Paulo: Companhia das Letras.
Lovejoy, P. (2002). A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Neyt, F. (2004). Songye: la redoutable statuaire d’Afrique centrale. Anvers: Fonds Mercator; Milan: 5 Continents.
Pires, C.; Araújo, E. y Bernaschina, P. (org.) (2014). Da cartografia do poder aos itinerários do saber. São Paulo: Museu Afro Brasil.
Rediker, M. (2011). O navio negreiro: uma história humana. São Paulo: Companhia das Letras.
Reis, J. J.; Gomes, F. dos S.; Carvalho, M. J. M. de (2010). O alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro (c. 1822-c. 1853). São Paulo: Companhia das Letras.
Rinchon, D. (1929). La traite et l’esclavage des Congolais par les Européens. Bruxelles: s./e..
Rodrigues, J. (2005). De costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Cia. das Letras.
Rodrigues, J. (2012). Africanos como tripulantes no Atlântico, séculos xviii e xix: historiografia e novas evidências. In: E. F. Paiva, Eduardo França y V. S. Santos (org.), África e Brasil no mundo moderno (pp. 207-220). São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: ppgh-ufmg.
Rodrigues, J. (2013). Um sepulcro grande, amplo e fundo: saúde alimentar no atlântico, séculos xvi ao xviii. Revista de História, 168, 325-350. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i168p323-350
Rolingher, L. (2004). A metaphor of freedom: Olaudah Equiano and slavery in Africa. Canadian Journal of African Studies, 38(1), 88-122. DOI: https://doi.org/10.1080/00083968.2004.10751282
Schama, S. (2011). Travessias difíceis: Grã-Bretanha, os escravos e a Revolução Americana. São Paulo: Companhia das Letras.
Silva, R. D. O. da (2013). “Negrinhas” e “negrinhos”: visões sobre a criança escrava nas narrativas de viajantes (Brasil, século XIX). Revista de História. Universidade Federal da Bahia, 5(1-2).
Slenes, R. (1995). “Malungu, Ngoma vem!”: África encoberta e descoberta no Brasil. Cadernos do Museu da Escravatura, v. 2. Luanda: Ministério da Cultura.
Smallwood, S. E. (2007). Saltwater Slavery: A Middle Passage from Africa to American Diaspora. Boston: Harvard University Press. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674043770
Thornton, J. (2004). A África e os africanos na formação do mundo Atlântico, 1400-1800. Rio de Janeiro: Campus.
Ukawsaw Gronniosaw, J. A. y Shirley, W. (1770). A narrative of the most remarkable particulars in the life of James Albert Ukawsaw Gronniosaw, an African prince, as related by himself. Bath: W. Gye.
United Kingdom. Foreign office (1845). Parliamentary Papers, XLIX(73), 593-633.
Walvin, J. (1998). An African’s life: the life and times of Olaudah Equiano, 1745-1797. London; New York: Continuum.
Williams, E. (2012). Capitalismo e escravidão. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras.